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BEATA MARIA DO DIVINO CORAÇÃO (MARIA DROSTE)

 

 

Maria Ana Joana Francisca Teresa Antónia Humberta Droste Zu Vischering, descendente de uma das mais antigas famílias da nobreza alemã, nasceu a 8 de setembro de 1863, dia da festa da Natividade de Nossa Senhora, em Munster, juntamente com o seu irmão gémeo Max. Filha do conde Clemente Droste Zu Vischering e da baronesa Helena Von Galen, fez parte de uma família numerosa. Ao todo o casal teve 11 filhos, sete raparigas e quatro rapazes. Contudo dois meninos e uma menina morreram muito novos. Maria cedo revelou ter uma saúde muito frágil, nasceu em perigo de vida, motivo a que levou a que fosse batizada de imediato. A propósito do nascimento de Maria e do seu irmão gémeo, Helena numa audiência que teve com o Papa confiou-lhe um segredo:

 “Quando nasceram as duas crianças, experimentei uma alegria tão íntima, que não me pareceu natural. Nunca experimentei nada semelhante. Com certeza Deus tinha desígnios particulares em relação a uma das duas crianças; mas qual?1

 

Anos mais tarde Helena partilhou este segredo com Maria e hoje, pela história da sua vida, sabemos que foi sobre ela que recaíram os desígnios de Deus que a mãe pressentira.

 Maria viveu grande parte da sua vida no castelo de Darfeld e lá recebeu a sua educação com a ajuda da sua mãe e de uma perceptora francesa, M.Elle Demazeau, que descreveu assim Maria:

Nunca encontrei uma menina tão viva e irrequieta, mas, também, de coração magnânimo, simples, aberta, leal e bastante obediente.2

 

Maria cresceu no seio de uma família com uma grande devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e ela cedo se sentiu tocada e atraída por este Coração. Maria nunca separou esta devoção da devoção ao Santíssimo Sacramento, conforme ela escreveu:

Nunca pude separar a devoção ao Coração de Jesus da devoção ao Santíssimo Sacramento; e nunca serei capaz de explicar como e quanto o Sagrado Coração de Jesus se dignou favorecer-me no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.3

 

No dia 25 de Abril de 1875, Maria e o seu irmão gémeo, ambos com 11 anos, fizeram a sua primeira comunhão. Maria mais tarde revela o seguinte:

Já naquela ocasião eu suspirava pela vida religiosa, para pertencer toda a Nosso Senhor. E como me contavam que alguns santos, naquela ocasião, sentiram pela primeira vez a vocação, eu esperava com ansiedade a mesma dita. Nosso Senhor, porém, não me concedeu neste dia a graça que tanto desejava. Esperava, então, pelo dia do crisma. E no dia 8 de Julho do mesmo ano 1875, imediatamente depois de ser crismada, senti nascer em mim a graça da vocação, e nunca mais a perdi.4

 

No dia 21 de Novembro de 1878, solenidade da festa da Apresentação de Nossa Senhora, Maria ao ouvir num sermão as palavras “Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração” sente-se mais uma vez chamada para a Vida Religiosa, embora também tenha procurado resistir:

Bem queria tapar os ouvidos da minha alma, dizendo: o sermão não é só para mim, os outros ouvem-no também e não vão para o Convento... Mas não me foi possível resistir à voz de Deus…5

 

  Maria, segundo ela, talvez em 1884, tem uma forte experiência após uma comunhão, na qual ouve, mais uma vez, no seu íntimo, a mesma voz e que lhe diz:

Tu hás de ser uma esposa do meu coração.6

 

Diante de tantos sinais e do crescente desejo em seu coração de pertencer totalmente ao Coração de Jesus, Maria começou a procurar a congregação para a qual deve entrar.

Em 1888 quando faz uma visita com a sua mãe a um hospital encontra lá uma infeliz rapariga que tinha dado escândalo. Diante deste cenário e, dado que, sua mãe sempre a protegera destas realidades, questiona-se:

Se Nosso Senhor agora cá estivesse, qual das doentes trataria com mais carinho? Decerto sobre esta pobre pecadora. Venci a repugnância e o medo da minha mãe, e apertei a mão à infeliz.7

 

Após esta experiência enquanto se preparava e esperava pela sua vez para a confissão, na Igreja Paroquial de Darfel, Maria tem o seguinte pensamento que lhe surge como um raio do Céu, o qual lhe dá clareza e a deixa sem dúvidas:

     “Tu deves entrar no Bom Pastor8

 

Maria entra assim para a Congregação do Bom Pastor, em Munster, em 21 de Novembro de 1888. Como era habitual nas congregações muda o seu nome e passa a chamar-se Irmã Maria do Divino Coração.

A 24 de Janeiro de 1894 a Irmã Maria é enviada para Lisboa onde permanece perto de três meses. Após este tempo segue para o Porto. Exerce o cargo de Superiora e permanece lá até à data da sua morte a 8 de Junho de 1899. Este período em Portugal pode ser definido como a manifestação da sua personalidade ascética e mística. Como a própria diz:

     “Nuca vi nada com os meus olhos corporais, nem ouvi nada com os meus ouvidos: é tudo interior, como se uma voz falasse e se ouvisse no coração e, ao mesmo tempo, no entendimento; as faculdades da alma estão reunidas e recolhidas em Nosso Senhor…9

 

É através da voz interior que a Ir. Maria recebe as revelações do Sagrado Coração de Jesus que lhe confia duas missões: pedir junto do Papa a Consagração de todo o género humano ao Sagrado Coração de Jesus, que acontece a 11 de Junho de 1899, pelo Papa Leão XIII; construir uma Igreja a fim de que seja um local de reparação ao Seu coração e de abundantes graças. De modo a se cumprir a segunda missão que lhe foi confiada, veio a consagrar-se a Igreja das Irmãs do Bom Pastor em Ermesinde ao Sagrado Coração de Jesus. Nela repousam os restos mortais da Beata Ir. Maria Droste. A sua beatificação ocorreu a 1 de novembro de 1975, dia da solenidade de todos os santos, pelo Papa Paulo VI.
 

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1 RICCIARDI A., …Mais nobre pela CARIDADE. Versão portuguesa de D. Gabriel de Sousa O.S.B. Porto: Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, 1984

2 Idem

3 Autobiografia da Beata Maria do Divino Coração. Braga: Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, 1993

4 Idem

5 Idem

6 Idem

7 Idem

8 Idem

9 Idem

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Pensamentos da Beata Maria Droste (Maria do Divino Coração):

 

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“A melhor forma de vencer as dificuldades é agradece-las a Deus”   

 

“Jesus gosta que convivamos com Ele como um filho com o seu pai”                 

 

“Que a vontade de Deus seja a nossa força e o seu cumprimento a nossa alegria”            

 

“Quando nos abandonamos inteiramente à Divina Providência nunca nos falta o necessário”

                                

“Quanto menos nos procuramos a nós, mais encontramos a Deus”   

 

“Entoava o Magnificat; eram as únicas palavras que exprimiam o que eu queria dizer”

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